Tenho a mania de olhar para trás e ver o que acumulei ao longo dos anos.
Gosto de colocar numa balança as coisas positivas e negativas e ficar olhando qual o prato que pesa mais.
Já tive anos bem ruinzinhos e anos que trouxeram verdadeiros milagres:
- 1975: saí de uma terra onde vivia-se a felicidade, a alegria, a boa vizinhança, deixei de ver os pôr-do-sol fantásticos, deixei bons amigos, grandes colegas, dos quais perdi completamente o contacto, infelizmente.
- 1976: meu pai sofre um enfarte do miocárdio; os médicos não dão nenhuma chance e ele recupera.
- 1979: conheci uma amiga de loooooonga data (30 anos de amizade).
- 1982: concluo a minha formação em Patologia Clínica e começo a trabalhar em Laboratórios de Análises Clínicas. Conheci Bons Colegas de trabalho, mas também constatei que o ambiente de trabalho é bem diferente do ambiente de sala de aula, aliás, já tinha sido avisada pelo meu Professor Laurindo Chaves Neto.
- 1993: obtenho a minha Licenciatura em Pedagogia, juntamente com umas colegas fantásticas. Uma turma de lutadoras, de persistentes, de solidárias, onde a amizade nos unia. Graças à Internet, ainda mantenho contacto com elas.
- 1994: sou “contaminada” com o vírus do Ensino. Comecei a minha carreira de Professora e posso dizer que, apesar de tudo, ainda continuo apaixonada por esta profissão. E contrariando o que dizia o meu Professor Laurindo, tenho boas e grandes amigas nesta profissão.
- 1998: visitei a Expo 98. Um sonho realizado. Um reencontro com minha terra natal. Um reencontro com pessoas que não via há muito tempo. Um reencontro com um passado que guardava algumas feridas mas também algumas boas recordações. Neste ano também concluí a minha Pós-Graduação, onde conheci três irmãs maravilhosas que desde então vivem no meu coração.
- 1999: regresso de vez às minhas raízes e a algumas decepções.
- 2000: foi um ano muito triste e que gostaria que nunca tivesse existido. Perdi irmã, Pai, tio e tia. Mas também foi o ano onde “vi” a solidariedade dos vizinhos que nos conheciam há pouquíssimo tempo, foi o ano em que surgiram grandes amizades e que persistem até aos dias de hoje.
- 2002: perdi um tio muito querido.
- 2003: foi o ano em que recebi um grande presente, um Bom Marido. Um Marido que veio lembrar-me que o caminho é sempre para a frente; um Marido que tem uma sensibilidade “silenciosa” e uma valor “gritante”; um Marido que consegue “demonstrar” as palavras mais românticas deste mundo; um Marido que compartilha as tardes de chuva, os passeios mais inesperados, os bons petiscos…e as noites (claro); um Marido que conseguiu dar-me a força necessária para continuar a viver.
- 2004: outro ano para esquecer. Perdi minha mãe e meus filhos.
Todos os outros anos foram anos cheios de momentos felizes, com saúde e trabalho.
Este ano, que está quase a chegar ao fim, também foi um ano cheio de momentos muito felizes, com muita saúde e trabalho e com a grande oportunidade de cativar mais uma amizade.
E olhando bem para a balança, o que vejo?
Um dos pratos contêm todas as perdas que tive, todas as lágrimas que derramei, toda a revolta, mágoa, decepção que vivi.
O outro prato tem a saúde, o trabalho, o meu marido e os meus amigos e dá para perceber o quanto está pesado. Tão pesado que consegue levantar, facilmente, todas as tristezas sofridas. Graças a Deus… e que continue assim no Ano que vem (e com a companhia dos meus cãezitos).