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Companheiros de Pensamentos

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Ano Novo


Era véspera de Natal, em Luanda, e os pais de Ana, resolveram visitar um casal amigo que tinha dois filhos, levando-a com eles.
Os filhos do casal chamavam-se Maria, que tinha a mesma idade de Ana, nove anos, e João, mais velho uns dois anos.
Os casais conversavam na sala de estar, enquanto a Ana e a Maria brincavam no quintal enquanto falavam das suas expectativas sobre o que traria o Pai Natal.
Encontravam-se no auge da animação, quando o João passa por elas e afirma com grande autoridade:
- O Pai Natal não existe!
Ana e Maria entreolharam-se, emudeceram perante tal declaração vinda de alguém mais velho que elas. Nos olhos de Maria começaram a surgir pequenas lágrimas. A Ana tenta salvar a situação e exclama, convicta:
- O Pai Natal existe, sim! É ele que traz os presentes no dia de Natal!
O João olha-a de forma soberba e reafirma:
- Vocês são mesmo muito infantis! O Pai Natal não existe e quem traz os presentes são os nossos pais. Eles é que compram e colocam ao pé da árvore enquanto dormimos. Miúdas!
E lá vai o João, com a bola debaixo de braço e com a cabeça bem erguida, encontrar com outros meninos para mais um jogo de futebol.
Maria continua calada mas nada feliz com o que acabou de ouvir. Ana não pode ficar parada. Entra pela casa, vai direto à sala de estar e interrompendo a conversa dos adultos (uma grande falta de educação), questiona o pai:
- O Pai Natal existe?
O pai, sussurra-lhe:
- Em casa, conversamos.
Mas ao tentar retomar a conversa com seu amigo, a Ana não se cala, mesmo sentindo o olhar da mãe; aquele olhar que dizia, claramente, que não era a hora, nem o momento, para tal questionamento:
- O Pai Natal existe?
Num tom baixo, o pai olha bem nos olhos de Ana e repete:
- Em casa, conversamos!
Não adiantava! Ana conhecia bem demais seu pai e sabia que, naquele momento, não haveria resposta.
Voltou para a companhia de Maria, remoendo seus pensamentos. Por que será que o pai não respondeu? Bastava dizer sim ou não! Logo os pais que sempre respondiam todas as perguntas que fazia!
Quer dizer, todas, não! Quando ela perguntava o significado de alguma palavra, eles mandavam-lhe procurar no dicionário.
Não restou nenhuma vontade para as meninas voltarem ao assunto do Pai Natal. Será que o João tinha razão?
O pai de Maria e João ofereceu-se para levar os pais de Ana, e ela, a casa, de carro; o que significava que tinha mesmo que esperar chegar a casa.
Finalmente, em casa!
O pai senta-se e a Ana foi logo para o seu lado mas, desta vez, não precisou voltar a formular a pergunta pois quem faz isso é o pai:
- Acreditas que o Pai Natal existe, Ana?
Ora esta? Então devolve a pergunta? Depois de refletir um pouco, a Ana responde:
- Acredito.
- Então… ele existe! – respondeu o pai.
Ana olha-o admirada. (Como assim?)
O pai, percebendo a sua admiração, continuou:
- Ana, muitas vezes, se acreditares em algo, isso passa a existir. Se não acreditares, não existe! Se acreditarmos que o Amor entre as pessoas existe e que faz muito bem, então … o Amor existe! Se acreditares que dias melhores virão, então a Esperança existe! Ouvirás muitas vezes a palavra Fé que está intimamente ligada à confiança.
Ana ouviu essa explicação que tornou-se uma lição para a vida.

Neste início de ano, mais do que nunca, Fé significa ter esperança que algo vai mudar de forma positiva, para melhor.
Assim seja!