- Pai! Mãe! O que é que
eu vou receber de presente no Natal? – pergunta a menina de 7 anos, ao entrar
saltitando pela sala.
O pai pousa o jornal de
domingo e olha para a mãe que tricotava uma camisola para ele.
A mãe retribui o olhar
com um sorriso e continua a tricotar, pois já sabia o que viria a seguir;
afinal, eram um daqueles casais que conversava com o olhar.
- Presentes? Por quê? –
provoca o pai.
- Ora, pai, porque
estamos quase no Natal.
- Sim, eu sei que
dentro de poucas semanas comemoramos o Natal; mas não sei porque tens que
receber presentes no Natal. Diz-me lá: o que é o Natal?
A menininha
aconchega-se perto do pai. Olha-o, muito séria, e responde com toda a
segurança:
- É o nascimento do
Menino Jesus!
- Muito bem, filha!
Quer dizer que, no Natal, ao lembrarmos do seu nascimento, estamos, de certa
forma, a comemorar o seu aniversário. Concordas?
- Concordo!
- Então, diz-me lá,
filha: se comemoramos o nascimento do Menino Jesus, quem é que deve receber
presentes?
A menina olha para o
pai, observa a mãe, e indecisa, responde:
- O Menino Jesus?
- Acertaste mais uma
vez. – diz o pai, sorridente.
- Mas não se pode dar
presentes ao Menino Jesus! – reclama a menina, endireitando o seu pequeno
corpo.
- Ah, pode-se, pode-se!
– interveio a mãe sem tirar o olhar da suas agulhas.
- Como? – questiona a
menininha, já bastante confusa – Vocês estão a brincar comigo, não é?
A mãe pousa o seu
tricot e com a sua voz calma, esclarece:
- Não, filha, não
estamos a brincar. O Menino Jesus gosta muito de receber, de todos nós, como
presentes, as nossas boas atitudes, os nossos bons pensamentos…
- O teu bom
comportamento. – acrescenta o pai.
- É verdade, filha. –
continua a mãe. – Sempre que ajudamos alguém, sempre que trocamos os maus
pensamentos por bons, sempre que cuidamos dos animais, sempre que és
respeitadora com os professores, sempre que és educada; não só nos deixas muito
felizes, como também está a presentear o Menino Jesus.
- E há mais um pequeno
detalhe! – intervém o pai – Tu gostas muito do Natal, não é?
- Muito! Adoro! Acho
que o Natal tem magia! – diz a menina aos pulos pela sala.
- Exatamente! Podes
prolongar essa magia por todo o ano!
A menina, subitamente,
pára e sorri ao olhar para seus pais, pois uma ideia iluminou a sua cabecinha:
- Se eu der esses presentes
durante todo o ano, vou viver o Natal todos os dias! – ela prepara-se para
retomar os seus pulinhos, porém aproxima-se de seus pais com uma grande dúvida.
– Mas eu lembro que no Natal passado, recebi um presente. Foi um livro da
Anita…
- É verdade, mas também
recebeste um livro no mês passado, não foi? – relembra a mãe.
- Foi, até estava
embrulhado com um lindo papel e tinha um laço vermelho (eu guardei)!
- Vês? – disse o pai,
sorrindo – Não é preciso ser Natal para fazer os outros felizes! E sempre que
fazemos os outros felizes, também sentimos felicidade.
- Já volto! – e a
menininha dirige-se para a porta de casa.
- Mas aonde vais? –
pergunta a mãe.
- Vou viver a magia do
Natal. A filha da vizinha está triste porque o pai trabalha muito longe. Vou levar
a minha boneca para brincar com ela, assim ela fica feliz e eu também.
Os pais entreolham-se,
sorridentes. Tinham conseguido realçar o verdadeiro espírito de Natal.