(Aí vai o texto que enviei para participar no concurso "AQUELE ABRAÇO" e que foi publicado como #15, apesar de não seguir a temática.)
Enquanto o senhor do cartório falava sobre a
importância do “contrato” que se celebrava, muita coisa passava pela sua cabeça.
Ela já tinha perdido o seu pai. Já tinha
sofrido imensas decepções de pessoas que julgava amigas.
Ela já tinha vivido uma guerra e inúmeras
vezes foi forçada a adaptar-se a novas situações, diversas escolas, empregos,
países.
Ela já tinha sofrido uma grande desilusão
amorosa e, agora, casava com um homem, divorciado, e com o qual namorava há três
meses.
Estaria a ser precipitada? Deveria conhecê-lo
melhor? Depois de tanto tempo vivendo livre e independente, conseguiria
partilhar o seu dia a dia?
No meio de tantos pensamentos, a cerimónia
chega ao fim.
Trocam-se as alianças. Sela-se com um beijo. Começam os
cumprimentos dos presentes.
A mãe dela, feliz e emocionada, abraça-a e
diz-lhe ao ouvido: - Teu pai está feliz, por ti.
Uma das cunhadas faz uma subtil observação: -
Vamos lá ver se é desta…
A certa altura uma criança, uma menininha de
três anos, também lhe dá um abraço.Ela sente-se protegida por dois bracinhos. Dois pequenos bracinhos que, através de um abraço, conseguem transmitir-lhe uma enorme paz, uma feliz harmonia, uma grande certeza que a vida pode oferecer-nos momentos muito felizes.
Hoje, mesmo já passados nove anos, ela lembra-se de como soube bem AQUELE ABRAÇO.