Não existem palavras suficientes para descrever o
que sinto pela minha Mãe.
Minha grande e, muito sábia, Amiga, meu colo, minha
cura, minha conselheira, meu TUDO.
Conhecia-me como ninguém... Eu não precisava falar
para que ela me “ouvisse”.
Lia a minha alma.
Tinha sempre a palavra certa para toda e qualquer
situação, por mais difícil que fosse.
Era o alicerce da nossa casa (como meu pai costumava
sempre dizer a todos os seus amigos e colegas).
Possuía uma grande Fé; fé em Deus e no ser humano.
Para ela, todas as pessoas mereciam uma segunda, terceira, quarta, ... ,
oportunidade.
Nunca desistia de nada e de ninguém. Sempre foi uma
lutadora.
Era dona de uma força enorme que ultrapassava em
muito a sua pequena e, aparente, frágil estatura. Sempre via “a luz ao fim do
túnel. O seu lema era: melhores dias virão.
Nunca a ouvi ralhar, gritar ou elevar a voz.
Inúmeras vezes, quando criança, não seguia as suas recomendações e acabava
estatelada no chão, com joelhos e mãos esfolados. Corria, chorosa, para perto
dela, temerosa que fosse ouvir um valente ralhete. Em vez disso, lá ia ela buscar
o seu estojo de “primeiros socorros” e, ao mesmo tempo que tratava das minhas
feridas, dizia “eu avisei, eu disse-te
que isto podia acontecer”. E assim reagiu comigo sempre que alguma coisa
corria mal, por não ter ouvido seus conselhos. Curava as minhas feridas, sem
reprimendas, cuidava.
Transmitia uma calma, uma serenidade, não só ao meu
pai e a mim, como a todos que se aproximavam dela, independente se fossem
crianças, jovens ou adultos.
Minhas colegas de estudo preferiam realizar os
trabalhos da escola/faculdade na minha casa, apesar de ser muito mais simples e
humilde do que a delas, porque lá "sentiam paz".
Os animais sempre a procuravam (era incrível); os
nossos cãezitos, quando estavam doentes ou sentiam dores, eram para ela que
corriam.
Meu pai e eu, quando doentes, melhorávamos, quando
ela pousava sua mão em nós.
Gostava muito do meu marido e, pela primeira vez na
vida, não lutou contra a dor... Sentiu que ele iria fazer-me feliz e ... partiu
... Como ela mesma dizia, foi encontrar-se com o amor da sua vida, o meu pai.
Como sempre, ela estava certa.
A vida da minha mãe foi uma permanente lição: lição
de como viver, como amar, como ser feliz, como fazer os outros felizes, como
transformar cada momento em momentos especiais. Mas ela não me ensinou como
fazer para que ela fosse eterna, apesar de ser eterna nas minhas lembranças.
Deixou uma grande saudade... Fazes-me muita falta,
Mãe.