“Esta é a visão optimista e a que devia ser a única e a verdadeira, de uma pessoa se sentir um verdadeiro professor.
Infelizmente a realidade é outra, muito diferente e ser professor, hoje em dia é mais uma profissão de risco do que uma reconfortante recompensa diária.” (João Roque; do Blog whynotnow)
Sim, é verdade, é uma profissão de risco.
Professores são agredidos fisicamente por alunos, por encarregados de educação… São denegridos por “determinados” políticos, por “determinados” ministros, por “determinados” governantes, por “determinados” comentaristas na comunicação social. (Acredito que estes são casos de ex-alunos traumatizados!)
É claro que houve, há e sempre haverá péssimos professores. Há aqueles que escolheram esta profissão porque não gostavam de matemática (nunca entendi esta justificativa).
Ouvi dizer, há muito tempo, que o curso de magistério é um curso espera-maridos. (???)
Há aquelas pessoas que escolheram esta profissão porque a achavam fácil (aonde?).
Também há aqueles que escolheram esta profissão porque achavam que iam trabalhar pouco (inocentes!).
Sim, há péssimos professores que nunca deveriam ter iniciado a carreira docente; se calhar, são exatamente os que escolheram a profissão pelos motivos errados.
Quando, adolescente, buscava uma opinião de meus pais sobre qual profissão devia seguir, eles sempre respondiam:
“- Filha, não nasceste rica. Vais ter que trabalhar como teus pais sempre trabalharam. Portanto, escolhe uma profissão, um trabalho que, para além de fornecer-te o que necessitas para viver, te dê prazer. A pior coisa é, logo de manhã, ires para o teu emprego já desanimada pelo que vais realizar.”
Não iniciei a minha carreira profissional na docência.
Confesso que, quando escolhi cursar a licenciatura em Pedagogia, não estava nos meus planos exercê-la em sala de aula. Muito pelo contrário, planejava vir a ocupar uma vaga de pedagoga na companhia siderúrgica, onde trabalhava na altura.
Mas como o Homem põe e Deus dispõe… E ao descobrir a profissão de Professor, descobri, SIM, que pode ser uma reconfortante recompensa diária.
Apesar de não ser fácil lidar com seres humanos em formação, com seus encarregados de educação, com diversas origens, valores, culturas; apesar de ter que desenvolver um trabalho para além do que se desenvolve em sala de aula (pois um Professor, para além de aplicar diferentes metodologias, utilizar diversas técnicas, pesquisar variadas estratégias, preparar aulas, corrigir testes, analisar trabalhos, preencher uma vasta documentação exigida pelos vários órgãos competentes; também tem que se manter bastante atualizado pois, continuadamente, convive com novas gerações – e isto “sai do nosso bolso”); para além de roubar muito tempo à família para desenvolver projetos; é compensador observar como as pedras brutas vão se transformando, pela nossa ação, em DIAMANTES de grande quilate.
É claro que nem sempre temos sucesso; é claro que nem sempre a escola tem condições para atender nossas reivindicações; é claro que nem sempre os pais desempenham o seu papel; é claro que muitas vezes ouvimos:
“O meu filho tirou notas muito boas. Ele é tão inteligente!”
“O meu filho tirou notas baixas. A professora não ensina nada!”
(acho interessante como no primeiro caso, a professora “não risca nada” e como no segundo, o aluno “não risca nada”! Enfim…); é claro que nossos salários são baixos, não temos ajudas de custo para habitação, transporte (como têm os nossos dedicados deputados, ministros,…); é claro que, às vezes, sentimo-os frustradas, impotentes, revoltadas; mas AINDA não conseguem furtar-nos a alegria que sentimos ao constatar o fruto do nosso trabalho, ou seja, o desenvolvimento dos nossos alunos.
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(imagem da net) |
Obrigada a todos os que deixam seus comentários neste meu cantinho.
Obrigada, João, pela oportunidade de desabafar mais um pouquinho. Seus comentários instigam-nos a refletir, a repensar, a dar sempre mais um passo à frente.