Refiro-me a “Mãe”, independentemente do fato de ser, ou não, progenitora.
Infelizmente existem muitas progenitoras que nunca virão a ser mães…
Já
não tenho a minha Mãe na minha vida mas seus ensinamentos continuam vivos em
mim.
E
o que eu aprendi com ela?
Aprendi
que “viver é fácil; difícil é saber viver”! Quantas vezes disse-me isto e só
depois de ela ter partido é que compreendi o verdadeiro sentido desta frase…
Aprendi
que a verdadeira felicidade está nas pequenas coisas, nas mais simples atitudes
de carinho, no prazer de fazer o outro feliz.
Lembro-me,
particularmente, de um momento.
Um
dia, meu pai chega do trabalho, com um pacote de arroz nas mãos e diz, todo
satisfeito:
-
Guidinha, disseste que o arroz estava a terminar e passei no supermercado para
comprar-te um pacote.
De
imediato, quando reparei na marca do arroz, percebi que a minha mãe detestava
aquele arroz. Preparava para verbalizar a minha observação quando a minha mãe,
prontamente, agradeceu efusivamente ao meu pai, ao mesmo tempo que lançava-me
aquele olhar que queria dizer “quieta!”.
Esperei
o meu pai retirar-se e confrontei a minha mãe:
-
A mãe odeia esse arroz e não disse nada ao pai!
Minha
mãe olhou-me, seriamente, e respondeu com a sua constante calma:
-
Filha, o teu pai depois de um dia de trabalho, cansado, desce numa paragem de
autocarro mais distante de casa, vai ao supermercado, espera numa fila para
pagar um pacote de arroz, faz o resto do caminho até casa a pé,
só porque lembrou do que eu disse ontem à noite; e tu queres que, depois disso
tudo, diga-lhe que não uso dessa marca? Oh, filha, amanhã eu compro da minha
marca preferida. E este, fica descansada que não se joga fora, pois a nossa
cachorrinha vai adorar!
-
Ouvi falar desta marca, resolvi experimentar e é mesmo melhor do que o outro.
Ouvi
a sua resposta e ainda estava a sorrir, quando a minha mãe, ao passar por mim,
sussurra “viver é fácil; difícil é saber viver”.