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Companheiros de Pensamentos

domingo, 2 de dezembro de 2012

Natal

- Pai! Mãe! O que é que eu vou receber de presente no Natal? – pergunta a menina de 7 anos, ao entrar saltitando pela sala.
O pai pousa o jornal de domingo e olha para a mãe que tricotava uma camisola para ele.
A mãe retribui o olhar com um sorriso e continua a tricotar, pois já sabia o que viria a seguir; afinal, eram um daqueles casais que conversava com o olhar.
- Presentes? Por quê? – provoca o pai.
- Ora, pai, porque estamos quase no Natal.
- Sim, eu sei que dentro de poucas semanas comemoramos o Natal; mas não sei porque tens que receber presentes no Natal. Diz-me lá: o que é o Natal?
A menininha aconchega-se perto do pai. Olha-o, muito séria, e responde com toda a segurança:
- É o nascimento do Menino Jesus!
- Muito bem, filha! Quer dizer que, no Natal, ao lembrarmos do seu nascimento, estamos, de certa forma, a comemorar o seu aniversário. Concordas?
- Concordo!
- Então, diz-me lá, filha: se comemoramos o nascimento do Menino Jesus, quem é que deve receber presentes?
A menina olha para o pai, observa a mãe, e indecisa, responde:
- O Menino Jesus?
- Acertaste mais uma vez. – diz o pai, sorridente.
- Mas não se pode dar presentes ao Menino Jesus! – reclama a menina, endireitando o seu pequeno corpo.
- Ah, pode-se, pode-se! – interveio a mãe sem tirar o olhar da suas agulhas.
- Como? – questiona a menininha, já bastante confusa – Vocês estão a brincar comigo, não é?
A mãe pousa o seu tricot e com a sua voz calma, esclarece:
- Não, filha, não estamos a brincar. O Menino Jesus gosta muito de receber, de todos nós, como presentes, as nossas boas atitudes, os nossos bons pensamentos…
- O teu bom comportamento. – acrescenta o pai.
- É verdade, filha. – continua a mãe. – Sempre que ajudamos alguém, sempre que trocamos os maus pensamentos por bons, sempre que cuidamos dos animais, sempre que és respeitadora com os professores, sempre que és educada; não só nos deixas muito felizes, como também está a presentear o Menino Jesus.
- E há mais um pequeno detalhe! – intervém o pai – Tu gostas muito do Natal, não é?
- Muito! Adoro! Acho que o Natal tem magia! – diz a menina aos pulos pela sala.
- Exatamente! Podes prolongar essa magia por todo o ano!
A menina, subitamente, pára e sorri ao olhar para seus pais, pois uma ideia iluminou a sua cabecinha:
- Se eu der esses presentes durante todo o ano, vou viver o Natal todos os dias! – ela prepara-se para retomar os seus pulinhos, porém aproxima-se de seus pais com uma grande dúvida. – Mas eu lembro que no Natal passado, recebi um presente. Foi um livro da Anita…
- É verdade, mas também recebeste um livro no mês passado, não foi? – relembra a mãe.
- Foi, até estava embrulhado com um lindo papel e tinha um laço vermelho (eu guardei)!
- Vês? – disse o pai, sorrindo – Não é preciso ser Natal para fazer os outros felizes! E sempre que fazemos os outros felizes, também sentimos felicidade.
- Já volto! – e a menininha dirige-se para a porta de casa.
- Mas aonde vais? – pergunta a mãe.
- Vou viver a magia do Natal. A filha da vizinha está triste porque o pai trabalha muito longe. Vou levar a minha boneca para brincar com ela, assim ela fica feliz e eu também.
Os pais entreolham-se, sorridentes. Tinham conseguido realçar o verdadeiro espírito de Natal.

19 comentários:

Laços e Rendas de Nós disse...



Natal é todos os dias, ainda que haja gente que pense o contrário.

Boa semana!

Beijo

Isa GT disse...

... nem sequer fiz a árvore de Natal... quanto mais procurar onde enfiei o espírito natalício... cada vez faz menos sentido, a "tal" reunião da família... quando há filhos longe... como o coelho gosta... Natal via net nem chega a ser Natal... e virtuais... este já vai ser o 4º

Bjos

Fê blue bird disse...

Ora aqui está uma criança feliz!
A magia pode acontecer todos os dias!

beijinhos

Anne Lieri disse...

Rosa,que beleza de conto!O espirito de Natal está em pequenos gestos de amor!Bjs e bom final de semana!

julia rubiera disse...

Infinitas gracias querida y admirada poetisa por obsequiarnos tan bello y emotivo cuento de Navidad. Muchos besinos de esta amiga que te desea con inmenso cariño feliz inicio de semana.

Graça Sampaio disse...

Só é pena que quando crescem, muitos perdem o espírito natalício...

Maria Rodrigues disse...

Maravilhosa história Rosa. Esse devia ser realmente o espirito do Natal, uma entrega de amor e partilha.
Beijinhos
Maria

tigrinho disse...

Mamis falando:Que lindo!
Amei este texto...
Este é o verdadeiro espírito de Natal.
Beijinhos

São disse...

Oxalá toda a gente consiga esse real espítiro de solidariedade e de partilha neste Natal!

Boa semana.

José Ramón disse...

Rosa Muy reflexivo este cuento de Navidad feliz semana.
Saludos desde Abstracción texto y Reflexión

João Roque disse...

Rosa
tu és uma pessoa de extrema sensibilidade e muito bem formada.
A história é bonita, pedagógica, tudo isso...
Mas achas que corresponde à realidade?

Anónimo disse...

Natal é quando um homem quiser, mas ter pais assim, ajuda muito!

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Querida amiga

O verdadeiro
espírito
de Natal
é uma preciosidade
que o coração
busca a cada dia,
muitas vezes
sem perceber...

Que amar seja para ti
o objetivo de cada instante.

Cidinha disse...

Olá, Rosa. Desculpe a falta! Ando ausente por problemas de conexção e saúde. Hoje estou aqui, com muita alegria por poder contactar com vc. Adorei o presépio! Significa para mim todo o espirito do Natal. Celebremos sempre! Obrigada por partilhar. Agradeço a carinhosa visita! Beijos e feliz semana.

Unknown disse...

Aprendi muito lendo esta conversa, mas os tempos mudam e as pessoas esquecem o principal.

O Natal seria mais bonito sem essas corridas às prendas e mais amor ao próximo com a partilha do que cada um tem em si.

Regina Rozenbaum disse...

Lindo conto esse. É mesmo necessário lembrar afinal o verdadeiro sentido do natal.
Beijuuss

Verena disse...

Lindo e verdadeiro este conto
Tenha uma linda semana, amiga
Um beijinho carinhoso e tudo de melhor para ti de
Verena e Bichinhos

Giancarlo disse...

Bel testo! un abbraccio...ciao

Lídia Borges disse...


Que falta faz reavivar a importância dos valores do humanismo e relegar para segundo plano os do consumismo em que o Natal se tem vindo a transformar, lamentavelmente.

Um beijo