Na Maternidade Alfredo da Costa, não trabalham pessoas.
Já há muito tempo que tinha vontade de escrever sobre a minha “estadia” na Maternidade onde eu nasci.
Há seis anos que sinto uma vontade enorme de colocar cá para fora o que penso sobre aqueles com quem convivi 22 dias.
Há seis anos, encontrava-me grávida de gémeos.
Tudo corria bem, apesar de ser uma primeira gravidez, apesar de ter mais de 40 anos, apesar de ser uma gravidez de gémeos.
Era seguida e bem acompanhada pela minha médica, através de análises, ecografias, até amniocentese…
Até que… durante uma ecografia, só ouvimos um coraçãozinho.
Lembro, exactamente, o que minha médica disse, naquele momento: “Perdemos um.”
Segui, imediatamente, para a Maternidade Alfredo da Costa para tentar salvar o outro bebé, pois o Pedro já tinha falecido. (E não me venham falar que não posso dar um nome a um feto morto. Dentro da minha barriga, já era meu filho).
E então comecei a ter contacto com aqueles que não são pessoas.
Desde aquela enfermeira que aplicou as injecções com mãos de fadas; no bloco operatório, quando faziam cesariana; e na SALA 5, da Unidade dos Cuidados aos Prematuros. E foi, precisamente, na Sala 5, que constatei que ali não trabalhavam pessoas. Sim, só tive contacto com Anjos.
No bloco operatório, estava extremamente nervosa e toda a equipe trabalhou para acalmar-me, até conseguiram que eu risse (depois de ter tido uma crise de choro).
Não vi meu bebé, quando nasceu. O Henrique tinha 27 semanas e 630 gramas. Teve que ir logo para a famosa Sala 5, onde tudo acontece em cada minuto.
Foi incrível como os Anjos se dividiam. Enquanto uns cuidavam do Henrique, outros cuidavam de mim, dando-me força, apoio psicológico, ânimo. Sempre com um sorriso, um toque no ombro, uma palavra alegre.
O Henrique ficou na Sala 5, na cama 1, durante 22 dias. Lutou, cada minuto, durante esses 22 dias.
Durante 22 dias, vi aqueles Anjos a entrarem nessa luta de corpo e alma. As doutoras e as enfermeiras (os) estavam sempre atentas (os) a tudo e também tinham a paciência de me explicar tudo o que se passava com meu filho.
Até as voluntárias da Sala 5, eram especiais. Lembro de um dia, em que o Henrique lutava mais uma vez pela vida e que estava rodeado por uma equipa de médicos e enfermeiros. Ao ver aquilo, fiquei sem reacção. Surgiu logo uma voluntária para me apoiar. Com uma mistura de graça e seriedade, foi contando a situação e acalmando-me.
No dia seguinte, a situação estava estável, essa voluntária aproximou-se de mim, olhou-me bem nos olhos e disse: “Pois é. Ontem, o Henrique quis ir jogar bola com o irmão. Mas o irmão mandou que voltasse, pois ainda não havia vaga na equipa.”
Ao fim de 22 dias, o Henrique juntou-se à equipa do Pedro.
Lembro de todas as situações que vivi nesses dias mas lamento imenso não ter registado os nomes daqueles Anjos.
Não sei os seus nomes, mas nunca esquecerei como são dedicados, pacientes, sensivéis, profissionais e, acima de tudo, Verdadeiros Anjos.
Já há muito tempo que tinha vontade de escrever sobre a minha “estadia” na Maternidade onde eu nasci.
Há seis anos que sinto uma vontade enorme de colocar cá para fora o que penso sobre aqueles com quem convivi 22 dias.
Há seis anos, encontrava-me grávida de gémeos.
Tudo corria bem, apesar de ser uma primeira gravidez, apesar de ter mais de 40 anos, apesar de ser uma gravidez de gémeos.
Era seguida e bem acompanhada pela minha médica, através de análises, ecografias, até amniocentese…
Até que… durante uma ecografia, só ouvimos um coraçãozinho.
Lembro, exactamente, o que minha médica disse, naquele momento: “Perdemos um.”
Segui, imediatamente, para a Maternidade Alfredo da Costa para tentar salvar o outro bebé, pois o Pedro já tinha falecido. (E não me venham falar que não posso dar um nome a um feto morto. Dentro da minha barriga, já era meu filho).
E então comecei a ter contacto com aqueles que não são pessoas.
Desde aquela enfermeira que aplicou as injecções com mãos de fadas; no bloco operatório, quando faziam cesariana; e na SALA 5, da Unidade dos Cuidados aos Prematuros. E foi, precisamente, na Sala 5, que constatei que ali não trabalhavam pessoas. Sim, só tive contacto com Anjos.
No bloco operatório, estava extremamente nervosa e toda a equipe trabalhou para acalmar-me, até conseguiram que eu risse (depois de ter tido uma crise de choro).
Não vi meu bebé, quando nasceu. O Henrique tinha 27 semanas e 630 gramas. Teve que ir logo para a famosa Sala 5, onde tudo acontece em cada minuto.
Foi incrível como os Anjos se dividiam. Enquanto uns cuidavam do Henrique, outros cuidavam de mim, dando-me força, apoio psicológico, ânimo. Sempre com um sorriso, um toque no ombro, uma palavra alegre.
O Henrique ficou na Sala 5, na cama 1, durante 22 dias. Lutou, cada minuto, durante esses 22 dias.
Durante 22 dias, vi aqueles Anjos a entrarem nessa luta de corpo e alma. As doutoras e as enfermeiras (os) estavam sempre atentas (os) a tudo e também tinham a paciência de me explicar tudo o que se passava com meu filho.
Até as voluntárias da Sala 5, eram especiais. Lembro de um dia, em que o Henrique lutava mais uma vez pela vida e que estava rodeado por uma equipa de médicos e enfermeiros. Ao ver aquilo, fiquei sem reacção. Surgiu logo uma voluntária para me apoiar. Com uma mistura de graça e seriedade, foi contando a situação e acalmando-me.
No dia seguinte, a situação estava estável, essa voluntária aproximou-se de mim, olhou-me bem nos olhos e disse: “Pois é. Ontem, o Henrique quis ir jogar bola com o irmão. Mas o irmão mandou que voltasse, pois ainda não havia vaga na equipa.”
Ao fim de 22 dias, o Henrique juntou-se à equipa do Pedro.
Lembro de todas as situações que vivi nesses dias mas lamento imenso não ter registado os nomes daqueles Anjos.
Não sei os seus nomes, mas nunca esquecerei como são dedicados, pacientes, sensivéis, profissionais e, acima de tudo, Verdadeiros Anjos.